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Um tributo à miséria
Um tributo à miséria * Ivan Postigo Quem, quando estudou história nas primeiras séries escolares, não ouviu falar da derrama. Situação em que o ouro brasileiro era levado para fora do país para sustentar uma elite? Qual a diferença daquele estado de espoliação do país para o que vivemos agora? Talvez a revolta e indignação de algumas pessoas. Neste momento nem isso vemos . Será que nós brasileiros mudamos tanto e deixamos de acreditar que podemos construir uma nação forte, independente, capaz de ser competitiva mundialmente? A quem interessa manter a taxa de juros nesses níveis absurdos que só traz aproveitadores ao país? Ah, sim, para manter uma política de combate à inflação! Arrebentando com as empresas, com a classe empresarial, vamos combater à inflação. Nós estamos num total estado de desorganização que sequer sabemos quanto crescemos. Chegamos a um estado de apatia que para muitos pouco importa quem será o novo presidente. O voto nesta próxima eleição será dado não pela escolha, mas ainda pela rejeição. Fossemos condenados a vagar pelo deserto quarenta anos, para que alguma coisa aprendêssemos sobre a construção de uma nação, fico imaginando o estado que o deixaríamos. Quem somos nós, porque tão pouco amor a uma terra que pode nos dar tudo, por que esse desinteresse e falta de compromisso com o futuro? Não faltam discursos sobre a apatia dos jovens, o envolvimento com drogas, bebidas, mas neste contexto, que exemplos estamos dando? Quando nossos filhos olham para nós será que nos têm como exemplos? Como bravos lutadores buscando construir, para nós e para eles, um mundo melhor? Vivemos dizendo que a classe menos favorecida é carente de instrução e informação por isso não protesta, mas e a mais favorecida? Esta não protesta por comodismo e é atingida pelo assaltante no semáforo, no caixa eletrônica, nas ruas e em seus aposentos. Um dia perguntava um amigo: ?O que tem a ver o assaltante com a taxa de juros??. O assalto é o encargo pago para sustentar todo tipo miséria, desde a financeira até a dependência química. Toda espoliação neste país tem uma sigla, então vamos chamá-la: ISM. Imposto para Sustentar a Miséria. Ah, caso já exista algum com essa sigla (nunca se sabe) desculpem e me avisem, eu crio outra. Como tudo evolui neste mundo globalizado, os juros que pagamos estão compostos da taxa paga aos especuladores e da taxa paga aos miseráveis. O ISM. Lembro, há pouco tempo, alguns policiais haviam prendido um assaltante nas primeiras horas da manhã e este dizia: ?A gente levanta cedo para trabalhar e apanha da polícia?. Chegamos a um ponto tal que assalto virou trabalho. Sonho com o dia em que este país, unido, fará um minuto de silêncio, um silêncio tão aterrador que poderá ser ouvido. Um minuto para uma profunda reflexão e mudança de atitude. Um minuto revelador e transformador. Ao ler este artigo algumas pessoas próximas me provocarão dizendo: - Você estava irritado quando estava escrevendo, não? Nessas horas, em silêncio, penso: ?Haverá sempre dois momentos para você se lembrar desta minha irritação: Agora que você acabou de ler o artigo e, infelizmente, no próximo assalto?. Sim, sempre haverá o próximo assalto. Enquanto isso incentivou a especulação, mantemos as altas taxas de juros, criamos mais taxas e impostos, forçamos a classe empresarial a se tornar fora-da-lei, estampamos seu rosto nas revistas de todo o país, fazendo chacota de seu constrangimento. Quem está fazendo isso conosco? Nós mesmos. Renato Russo, agora num plano superior, será que já tem a resposta: Que país é este? Ivan Postigo é economista ...


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